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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

“Salve, salve meus heróis... ”

“Salve, salve meus heróis” eis a frase dum apresentador de um reality show no Brasil se referindo aos participantes confinados numa casa. Heróis? Ter do bom e do melhor patrocinados pelas maiores marcas “brasileiras” é heroísmo? Exibir seus corpos seminus e embriagados á beira de piscinas é algum ato heroico?

Isto é um complemento de uma programação precária e ignorante que a televisão aberta brasileira oferece, com suas novelas previsíveis, quadros de humor agressivos, futebol e reality shows manipuláveis. Mas, é o que vende, é o que dá lucro. Enquanto houver audiência haverá mediocridades como estas.

Heróis? Heróis são os 50 milhões de brasileiros miseráveis que vivem com menos de R$ 80,00 por mês. Herói é quem acorda todo dia ás 4:00 horas da madrugadas para ir trabalhar e no final do mês receber uma “esmola”. Herói é quem leciona numa sala de aula lotada e sem estrutura e tem que aguentar a pressão por resultados. Herói é quem enfrenta o sol de 40° (graus Celsius) para limpar seu roçado ou varrer ruas; é quem sobrevive sob viadutos sem comida e sem agasalho nas noites frias...

Herói é o brasileiro que luta, diariamente, contra seu próprio destino. Isto sim é heroísmo.


Marcello Silva - Chaval/CE, Março 2013 
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domingo, 23 de fevereiro de 2014

NEGRO, SIM SENHOR!

Chamam-me de moreno... Pardo... Mulato. Não, eu sou é negro. Preto sim senhor! Faço parte dos 97 milhões de brasileiro (aproximadamente) que se autodeclaram negros (ou afrodescendentes para os políticos-corretos)


Carrego no corpo as cicatrizes dos meus ascendentes e na alma a bravura do meu povo. Sobrevivi a 386 anos de escravidão, fiquei enjaulado ao som dos chicotes, reprimindo minha dança e calando meu canto...


Nas mãos dos meus bisavós e tataravós plantei cafezais, cortei canaviais, extrai ouros, construir pontes e estradas... Carreguei nos ombros o desenvolvimento de uma nação.


Negro sim senhor! Desdobro as esquinas com a leveza na alma e nos pés a ginga: não sei se é de Mestre Besouro dançando capoeira ou se é de Mané Garrincha bailando com a bola. Tenho a coragem de Zumbi dos Palmares que adentrou as matas a procura duma liberdade alada.


Negro sim senhor!


Todo dia reescrevendo a história da minha gente, alheio as opiniões formadas sem reflexão, preconceituosas. Mostro a festividade da raça que é tão alegre quanto uma anedota do Grande Otelo ou enigmática quanto um poema de Machado de Assis...


NEGRO, SIM SENHOR!!!





Marcello Silva - Parnaíba/PI, 15 de novembro de 2012

marcsantosilva@gmail.com

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Rabisco da noite

(...)
Sob a noite hostil  
Somos meros personagens esquisitos  
Entramos em cena e desaparecemos  
Como clandestinos...  
Somos da noite parte essencial  
Ao rabisco de Shakespeare  
Tentando entender se “ser ou não ser eis” ainda “a questão” primordial.
 Marcello Silva - Fazenda Porção. 2009

A Revolução das Mulas em Chaval

E um dia revoltaram-se a mulas em Chaval. Cansadas da lida e da vida oprimida que levavam na pacata cidade interiorana. Elas estavam farta de sobrecargas de pesos; de sucumbir o dia inteiro sob o sol quente sem direito a uma comida digna ou água fresca, sem falar nas chicotadas que sofriam rua a fora, aquilo era humilhante à ‘classe muleira’. Dali em diante estava decretado a revolução das mulas.

Chaval acordou diferente, ao invés dos cantos dos pardais, ouviam-se zurros pelas ruas. A concentração foi iniciada na Ponte do Lima seguindo a Rua Monsenhor Carneiro sentido Centro. Velhos slogans eram adaptados: “As mulas unidas jamais serão vencidas” e  “uma por todas e todas por uma” alem de alguns exclusivos: “por uma vida sem cabrestos”, “queremos milhos e água fresca” etc.

Deu-se a algazarra revolucionária, gritos (zurros) de protesto. Dentre as reivindicações estava: trabalhar oito horas diárias com direito a vinte minutos de descanso a cada hora trabalhada; transportar, no máximo, 400 kg incluindo o peso do condutor; não receber chicotadas (uma boa conversa resolveria); não trabalhar aos domingos...

O líder das mulas, de ofício nas mãos – melhor dizer nas patas – foi impedido de entrar nos prédios dos três poderes (Prefeitura, Fórum e Câmara) por motivos estruturais e óbvios, pois esses edifícios não foram construídos para deleite de quadrúpedes.

A cidade amedrontada ficou refém da revolução. O comércio não funcionou, uma vez que não se poderiam entregar mercadorias em domicílio. A construção civil parou, pois faltava transporte para transpor areia, cal, cimento... Tijolos e telhas não foram entregues. Chaval padeceu este dia, era uma ‘Tróia traída por seu cavalo’. Se a Segunda Guerra Mundial teve seu dia D, as mulas chavalenses também tiveram seu dia. Deixaram de lado a vida fatigosa e foram, por um dia, pégasos saltitantes pela cidade.

P.S.: Dizem que até o chefe do poder executivo municipal decretou estado de emergência na cidade por causa desta revolução.
 
Marcelo Silva - Chaval/CE. Maio 2013

E agora José?

Como um bom chavalense desalinho a andar por estas ruas, ingerindo o contraste entre o belo e o descaso. Em uma dessas andanças, encontrei um cidadão de aproximadamente 1,70 m de altura, 45 anos cujo nome e profissão não direi (por receio, afinal estamos em Chaval) trazia consigo algumas sacolas, nas quais continha o mínimo de uma cesta básica. Darei a ele o nome fictício de “José”.

Senhor José e eu conversamos por um longo período; ele se mostrou indignado com a ‘política nacional’ e ao mesmo tempo tão alheio como se não fizesse parte dela. Desconhece o real sentido do termo “política”. Visto que no Brasil há 78 partidos políticos registrados no TSE. Por isso as siglas não significam nada para ele e para a imensa maioria dos brasileiros. Pois é, Sr. José, somos nós que elegemos os “engravatados” de lábia eloquente. Esses que foram em tua casa, apertaram tuas mãos; abraçaram fortemente e te prometeram “mundos e fundos” e você (inocente senhor) acreditou mais uma vez 

Seu José não sabe que o peso do Estado sobre a sociedade é o principal entrave ao desenvolvimento do Brasil; desconhece o que é reforma política ou reforma tributária, muito menos, choque de gestão. No fundo de sua ignorância (inocência) afirma que não paga impostos e que o Governo Federal é “pobrezinho”. Discordo, meu caro amigo, o Brasil lidera a lista dos países com maior carga tributária do planeta, em 2010 o total de impostos pago no país alcançou R$ 1,26 trilhão quase o dobro do crescimento do PIB. Seu José no ano passado trabalhou, em média, 140 dias para sustentar a máquina pública e ainda acredita que o governo dar “de graça” bolsas, subsídios e aposentadoria. É uma dissimulação, no ano passado com todo o PAC, o governo central investiu apenas 2% do PIB em infraestrutura. O Bolsa Família consumiu em 2010 cerca de 0,2% de tudo que o Governo Federal arrecadou no período. Pois é... Senhor José, paga imposto sim! Inclusive nesses itens básicos de alimento que você leva nestas sacolas: paga 18% no arroz e no feijão; 18,7% do quilo de carne são impostos; no café 36,52% e na manteiga 36%.

 E em troca de tantos impostos recebemos saúde de baixa qualidade, educação sofrível, falta de segurança e uma ineficiência colossal da máquina publica.
  
Seu José acha engraçado ter “palhaços” á frente de comissões parlamentares. Certamente ele não sabe que junto com esses “palhaços políticos” foram uns “políticos palhaços” acusados de diversos crimes e réus de inúmeros inquéritos. Esses mancham a constituição com medidas provisórias e emendas constitucionais desnecessárias e, no entanto, são incapazes de elaborarem uma reforma política que acabe com os privilégios parlamentares; que der fim ás legendas partidárias e que der transparência a democracia brasileira.

E agora José? São os “engravatados sanguessugas” que ingerem teu suor; que tira de teu prato a tua comida; que negam aos teus filhos uma educação e uma saúde de qualidade. Cuidado senhor José, quando eles chegarem de madrugada batendo em tua porta te oferecendo algumas telhas, tijolos ou cimento em troca de teu voto. Pois, se continuarmos agindo da mesma forma, com ideias tão arcaicas, o slogan “Brasil, o país do futuro”, não passará apenas, de uma mera utopia.

Marcello Silva - Chaval/Ce. Março de 2011


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Instante exato

Dentre sete bilhões de transeuntes (aproximadamente) perambulantes neste mundo habitável  (ainda ). Não sou nada. 

Não posso  ser nada...ainda que, alimento da rotina e aprendiz da sabedoria.
Reconheço minha importância: um grão de areia  na ventania da existência, mas, um grão de areia sou e serei   e a ventania não será  igual se não conter essa    minúscula parte.

Enquanto casas longínquas me espiam, tento ingerir o sumo vital do dia; fazer parte da fotossíntese do verde ou ainda me recolher ao casulo e ser uma “metamorfose ambulante”.

Porque há pessoas que não evoluem? Não buscam alternativas e se aprisionam em si? apegados a teoria da inércia acovardam-se em seus medos: medo da descoberta;  medo da mudança; medo do triunfo ou  medo do  amor. Amor.  Ah  amor! Como diz Goethe: “Só por ele eu falo”.

Entre muitos, sou mais um a vagar no silencio do dia, pés descalço, pegando carona com o vento  e amando essa tal liberdade posta em meus braços como uma criança a ser mimada...

Enquanto...                                                                                              
 
O que estará fazendo agora meus amigos? Minhas musas inspiradoras? Todos o que fazem o que pensam?                                                                                                                                            

Indago curioso...

Enquanto me debruço sobre filosofias esquecida e teorias evolutivas, o que faz neste instante o mundo, onde bilhões de individuo são reféns de bombas atômicas e nucleares, (cogumelos da morte)? Qual a nova tecnologia inventada que desconheço?                                                                      
Qual o próximo passo da evolução?                                                                         

Invadir Marte, Pandora ou a Terra do nunca? Aprisionar os ETs, Pequeno Príncipe ou Peter Pan?
Não. Não. Não                                                                                                                    
Como sete bilhões de pessoas não sei de nada. Não posso saber de nada  e mesmo se soubesse minha modéstia não diria.

                                                                                                                                                     
Deixe-me ser, ainda, um só grão de areia levado e moldurado pelo sopro divino de DEUS.


                                                                                                 

Marc´s no Facebook       10  de Abril de 2010

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014


Breve comentário

Algumas pessoas nascem e vivem de acordo com o "manual": estudam, aprendem algumas coisas, trabalham... Vai e vem em um mesmo ritmo rotineiro. Alcançam estabilidade social, emocional, financeira... Educam suas proles e repassam legados de servos obedientes à ordem pre-estabelecida. Enfim tem uma vida "certinha" e previsível, não contribuem para a quebra de paradigmas; não invertem a lógica das coisa que lhe pareçam erradas; não tem ideais; não lutam por utopias, por sonhos ousados; não vivem. Há pessoas que nascem e vivem assim. Entretanto, outras... Outras nascem Nelson Rolihlahla Mandela