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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Menino Quindins, homem Alemberg | Livro "Poemas HQ"


Ha uma subjetividade na arte que nenhum ser humano foi capaz de descrever (aprisionar) até hoje. Algo que emana da alma de quem produz e deságua na alma de quem consome a tal arte. Um misto de "sei-la-o-que" com uma vontade de sorrir, chorar, sentir-se parte daquilo como se aquilo fosse nossa própria essência existencial naquele instante. Assim me senti ao apreciar O livro POEMAS HQ do escritor, artista plástico e pesquisador Alemberg Quindins de Nova Olinda, Ceará.


A obra apresenta, através das palavras e imagens, as travessias da vida de Alemberg que, se intencional ou não, também nos leva a percorrer seus passos, seus caminhos e suas observações poéticas nesse trilhar. Suas lembranças são facas ágeis que brinca com a pele da poesia, sangrando a derme das metáforas. 

O MENINO QUE LIA O TEMPO

O menino que lia o tempo 
Não tinha tempo pra ler 
Corria os dedos sob a janela 
Todos os dias ao amanhecer 
E no espaço entre uma linha e outra 
Abria a porta para o tempo ter 
O menino que lia o tempo 
Só tinha o tempo todo pra ler 
E todo tempo que ele tinha 
O livro do tempo queria ver 
E o tempo levou o livro 
E o menino que o tempo queria ler.

                                             QUINDINS, Alemberg 

Há poesias nas palavras, há poesias nas imagens e há, principalmente, poesia no silêncio oculto entre as páginas, como se algo/alguém habitasse ali, de tocaia, uma subjetividade, uma saudade que transmigra para quem l(v)er a obra com o coração. "Quando chegar meus cabelos brancos lembrarei de ti / Olharei a minha imagem e é como se os meus olhos fossem os seus ..."

De quantos mundos vem o autor ou para onde vai seu voo rasante? Andarilhos por mil caminhos? De quantos pedaços é feito? "Eu vim de um mundão! / E de taquin in taquin / Remendando meus cadin / Costurando meus cadão..." 


O livro "Poemas HQ" tem o formato de bolso (10x15cm), capa dura e segundo Alemberg o "processo criativo foi construído de forma artesanalmente digital, a partir dos recursos disponíveis no celular, tais como a câmera, aplicativos de efeitos e anotações, em um processo de construção semelhante ao que eu fazia quando criança com os restos de papéis e toscos lápis de cores, para dar forma às coisas que nasciam em minha imaginação."

Para a produtora Neyci Sotero "o fio inicial da narrativa nasce dos relatos de sua mãe sobre sua infância no Cariri perpassando por sua adolescência como retirante entre o parque do Araguaia e a Amazônia legal seguindo pelos seus amores e desamores nas estradas do mundo até o seu retorno como árvore do lugar à Chapada do Araripe para ver frutificar o seu plantio"

Por fim, são inúmeras as observações e percepções que surgem depois de degustar esta obra. Em resumo, em me sentir próximo do autor como se sua trajetória e travessias se passasse ao meu lado enquanto escrevo um poema com um título talvez, "Alemberg O Grande"

O projeto "Poemas HQ" foi selecionado no XII Edital de Incentivo às Artes e tem o apoio cultural do Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.



Quem é Alemberg Quindins

Pesquisador, músico, empreendedor social, escritor e artista plástico autodidata e criou em 1992, junto com sua companheira Rosiane Limaverde, a Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri na cidade de Nova Olinda, Ceará.

Recebeu comendas de Cavaleiro na Ordem do Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura do Brasil (2004), Medalha do Mérito da Farroupilha pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul – (2007), Comenda João Luiz Ramalho de Oliveira pelo Sistema Fecomércio Ceará (2014), Medalha da Abolição pelo Governo do Estado do Ceará (2017), Título de Dr. Honoris Causa em Ciências Sociais pela Universidade Regional do Cariri – URCA (2018) e Título de Notório Saber em Cultura Popular pela Universidade Federal do Ceará (2019).

Como consultor da Unicef participou da criação dos programas de rádio de criança para criança junto às rádios nacionais de Angola e Moçambique.. Foi gerente de cultura do SESC Rio de Janeiro (2018) e atualmente é assessor de relações institucionais do SESC Ceará.

Foi professor do Curso de Pós-graduação em Gestão Cultural Contemporânea do Itaú Cultural e Instituto Singularidades (2017 – 2019) e é professor do Curso de Pós-graduação Latu Sensu em Arqueologia Social Inclusiva pela Universidade Regional do Cariri - URCA e Investigador do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Patrimônio – CEAACP da Universidade de Coimbra – Portugal.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Em seu novo livro Marcello Silva poetiza sua gente e seus sertões


O escritor Marcello Silva lançará seu terceiro livro solo: 'Na Garganta Um Sertão Enjaulado', obra premiada (3° lugar poesia) pela Biblioteca Pública do Paraná em 2021.

'Na Garganta Um Sertão Enjaulado' é um livro-memória dos que já partiram e dos que ainda virão, vagantes e andantes por estes sertões: homens, mulheres, crianças, fantasmas, lobisomens, etc. O autor buscou em suas memórias afetivas lembranças de vivências e estórias ouvidas pelos anciãos da comunidade e transformou a trajetória de sua gente e de sua terra em poesia. Ler esta obra é como ouvir o som do vento noturno mexendo com as palhas da Carnaúba enquanto a caipora passa assoviando para o Rio Ubatuba.

Para o prefaciador, poeta Diego Mendes Sousa, "Marcello Silva opera com a intertextualidade, com ideias de Graciliano Ramos e de Euclides da Cunha (baleia graciliana tão comum por aqui ou todo sertanejo é antes de tudo sertanejo) e com máximas populares, como esse sertão já foi mar. Arrojado e sucedido, ele funda a sua cidade, o seu lugar perdido na voragem do Brasil"

O obra é uma produção independente e tem o projeto gráfico, ilustrações e capa assinados pelo escritor Adriano Lobão Aragão.

'Na Garganta Um Sertão Enjaulado' será lançado agora em dezembro tanto em Chaval/CE quanto em Parnaíba/PI com data e local a definir.

Site Chavalzada
www.chavalzada.com 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Lançado "1º Prêmio Candango de Literatura" em Brasília


O Prêmio Candango de Literatura foi criado para enaltecer as manifestações literárias em todos os países lusófonos e difundir a riqueza e diversidade da língua portuguesa. A premiação foi instituída pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SECEC) do Distrito Federal, tendo como responsável-gestor o Instituto Cultural Casa de Autores, que atua promovendo a criação literária em seus mais diversos gêneros.

A figura do Candango, escolhida como símbolo desta iniciativa, nasce a partir da confluência de culturas que se encontraram em Brasília para a construção da nova Capital. A união destas vivências cunhou essa identidade, que historicamente traça laços com outros povos de língua portuguesa como: Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial.

Por meio do Prêmio Candango de Literatura, busca-se reforçar o intercâmbio entre escritores, leitores, livreiros e editores, consolidando e expandindo o mercado do livro em português.

REGULAMENTO

O 1º Prêmio Candango de Literatura destina-se à premiação de 6 (seis) obras literárias (livros), escritas em língua portuguesa, editadas e comercializadas em qualquer dos Países da Comunidade Lusófona no ano de 2021, nas seguintes categorias:


Melhor Romance;
Melhor Livro de Poesia;
Melhor Livro de Contos;
Melhor Livro de Autor Residente no Distrito Federal;
Melhor Capa;
Melhor Projeto Gráfico;
Além disso, serão premiados dois projetos que visem incentivar a leitura:
Melhor Iniciativa de Incentivo à Leitura (Geral);
Melhor Iniciativa de Incentivo à Leitura (PcD/Pessoa com Deficiência).

Os vencedores das categorias de Melhor Romance, Livro de Poesia, Livro de Contos e Autor Residente no DF receberão o equivalente a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) cada. Para as categorias Melhor Capa e Projeto Gráfico o valor será de R$ 12.000,00 (doze mil reais), e de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para as categorias Melhor Iniciativa de Incentivo à Leitura Geral e PCD.

As inscrições são gratuitas e deverão ser realizadas do dia 27 de abril ao dia 26 de maio de 2022.

Leia o edital completo para saber de todas as condições.



sábado, 19 de fevereiro de 2022

Semana de 22 | O romper de uma aurora.

 


A semana de Arte Moderna, ocorrida entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922 em São Paulo, foi um grito artístico que até hoje, cem anos depois, ainda o ouvimos. Que rompeu com a “estética artística” da burguesia europeia e deu liberdade às mais variadas manifestações de arte.

O que seria de nós, hoje, sem esse rompimento de outrora? Subserviente ainda ao crivo europeu de fazer, ver e sentir a arte? Mas o que é arte? O que é literatura? O que é poesia? Mato a paulada (metaforicamente) aquele/ela que tenta definir e, secamente, limitar em palavra ou gesto essa coisa que vai além. Parafraseando Mario Quintana, que a arte/poesia não se entregue a quem a definir.

O romper da aurora tupiniquim que é um clarão que liberta, mas também incomoda a elite, o tradicional, o conservador preso a idade média das ideias.

Salve Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Menotti Del Picchia, Victor Brecheret, Heitor Villa-Lobos, dentre outro e tantos pela proposta transformadora da visão artística brasileira a partir de uma estética mais voltada aos aspectos nacionais, evocando assim, o entusiasmo a brasilidade na arte e substituindo o academicismo pela livre expressão modernista.

Salve, nova aurora. Liberdade é o nosso nome, ontem, hoje e além!

 

SILVA, Marcello.

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