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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Crônica | Preso o maior assassino de “corrente de internet”


Foi preso na manhã desta quarta-feira, na região central da cidade, José Otariano Verídico mais conhecido como “Zé Delete”. Sobre o dito-cujo, recaem inúmeras acusações: segundo a polícia local, são mais de cem assassinatos de “correntes da web” só este ano. Estivemos na delegacia e fizemos uma entrevista exclusiva com Zé Delete. Confira a conversa na íntegra:

Reportagem: Segundo o delegado, você é acusado de assassinar “correntes na internet”, procede?

Zé Delete: Sim, senhor! Sou eu mesmo. Sou bicho ruim.

Reportagem: Como começou essa vida de assassino? A primeira vez que você deletou uma corrente de internet ?

ZD: Faz tempo, senhor! Comecei no e-mail. Todo dia recebia e repassava. Teve um dia que o meu ‘PC’ “deu pau” e não repassei o e-mail que era sobre um cara que tinha caído no tanque da fábrica da coca-cola e tinha ficado todo corroído. Enfim, aquilo me deu náuseas.

Reportagem: E o que aconteceu a partir daí?

ZD: Fiquei apreensivo por não avisar os amigos. Andei pensativo pela cidade. Entrei no primeiro bar e bebi  um porre de coca-cola. Não aconteceu nada. Me senti  livre e desde então virei vida louca. Deleto tudo... Não repasso...

Reportagem: Continue Sr. Verídico...

ZD: Verídico é o c@r@lh*, meu nome é Zé Delete...

Reportagem:  Ok , ok... Continue.

ZD: Pois é... Comecei a matar as correntes. Matei aquela da agulha contaminada no cinema com vírus da AIDS... Aquela outra para salvar as baleias do Atlântico... Sem remorsos.

Reportagem: Mas você passou do e-mail para as redes sociais, não é isso?

ZD: Sim, sim. Foi quando apareceu o Orkut. Não divulguei a comunidade da campanha em prol da operação urgente da Silvinha que só tinha dois meses de vida, etc. Depois veio o Facebook e aí aumentou os assassinatos. Já sei que vou pro inferno por não “curtir”, “compartilhar” e nem comentei “amém” na postagem de uma foto que tinha Jesus  e outro moço de chifres. Preferi “só olha” e “ignora”. Também não compartilhei a imagem de uma garotinha que possuía “lapitospira’ que a cada compartilhamento, o Facebook doaria 10 centavos à família da criança... Enfim, são tantas correntes delatadas e ignoradas.

Reportagem: Mas seus índices de assassinatos aumentaram agora com o surgimento do Whatsapp, correto?

ZD: É verdade. Com o avanço da tecnologia aumentou também o número de idiotas que repassam. Fazer o que né?! Só aumenta minha ficha criminal (risos)

Reportagem: Lembra algum assassinato de corrente pelo WhatsApp?

ZD: Com certeza, senhor! São vários né... Tem aquela da capivara maconheira; do “hoje é o dia nacional da admiro você” que tinha que compartilhar com 20 amigos; o da batalha dos anjos contra as forças do mal que é pra compartilhar com 15 amigos pra forças do bem vencer;  tem aquela que compartilhando, a bateria do celular iria carregar automaticamente ou ganharia créditos da operadoras de telefonia... Tem a Buda sorridente para receber dinheiro... Enfim.

Reportagem: E como vai ser para sair dessa...?

ZD: Sou Zé Delete, tio. Vou sair daqui e vou voltar “pro corre”. Deletar, ignorar, deletar... Nasci pra isso...

Nota: Ao final da reportagem o delegado responsável nos informou que a situação de Zé Delete é grave, entretanto, a defesa já havia entrado com pedido de habeas corpus  e ele, provavelmente, aguardará o julgamento em liberdade. Enquanto isso nossa sociedade de alienados estará a mercê  de uma fora da lei de alta periculosidade (sapiência) como Zé Delete. Não podemos deixar isto acontecer. Sendo assim, curta, comente e compartilhe esse post até chegar às autoridade competentes. A cada curtida será doado 10 reais para pagar advogado de acusação de Zé Delete. Não se esqueça de digitar “Amém”.



SILVA, Marcello. 2016

P.S.: "esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade"

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016


Biografia | Marcello Silva


Marcello Silva é bacharel em Contabilidade (UFPI)


Estudante de Direito (UESPI).


Autor do livro de poesias "O Pescador"(Chiado Editora).


Participou do projeto literário “Enredado”(Editora Vidráguas).


Editor dos blog: Chavalzada