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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Bate-Papo Literário no Sesc Caixeiral em Parnaíba/PI


Nosso autor Marcello Silva participou de um bate-papo nesta quarta (02/10/2019), juntamente com o escritor Ithalo Furtado, no Sesc Caixeiral. Na ocasião, Ithalo falou sobre o cenário literário regional e nacional, prêmio literário etc. Marcello Silva por sua vez falou sobre a Plataforma Escrever Sem Fronteira, da qual é curado em 2019. 


Com o apoio de Laiane Fontenele, analista de literatura do Sesc Caixeiral, Marcello Silva destacou a importância da Plataforma e aproveitou a ocasião para anunciar o produto do "Correio Literário" desse ano de 2019 que será um "fanzine". O correio literário é uma publicação impressa que ocorre a cada final de ano com os textos publicados ao longo do ano na Plataforma Escrever sem Fronteiras. 

Estiveram presentes vários escritores e entusiasta da literatura. Ao final foi servido um coquetel oferecido pelo Sesc Caixeiral e os presentes se confraternizaram. 




terça-feira, 10 de setembro de 2019

Homo Cactus e O Pescador sendo trabalhados em sala de aula em Granja/CE

Homo Cactus e O Pescador com a Professora Miria Fontenele com suas alunas Dalila Silveira e Deiza Veras 

A estudante Dalila Silveira lendo o nosso poema "Mãe, bicho estranho" de nosso livro "O Pescador". O registro foi feito pela professora Miria Fontenele no Sarau Literário do 3º ano K da Escola EMTI São José, extensão Timonha, distrito de Granja/CE.






A estudante Deiza Veras lendo o nosso conto "Menino Jesus" de nosso livro "Homo Cactus". O registro foi feito pela professora Miria Fontenele no Sarau Literário do 3º ano K da Escola EMTI São José, extensão Timonha, distrito de Granja/CE.
#Gratidão professora Miria pelo apoio de sempre!


sábado, 24 de agosto de 2019

Poema | Enquanto Respiro.


Tempo posto em minhas mãos 
Esmagado entre os dedos. 
E ainda me foge como pássaro cego em revoada ao crepúsculo

Não sei se levo a vida sobre meus ombros 
Ou se em suas asas de veludo sou levado; 
Não sei se a ganho a cada aurora para perdê-la ao ocaso 
Ou se ela, me ganha todo dia. 
Sem que eu possa notar.

Tempo, tempo, tempo... 
Essa navalha afiada que me retalha o corpo 
Deixando escoriações e marcas, 
Pelas quais, um rubro sangue escorre... 
Intenso como a insana vontade de superação.

Fica aos ares o meu apelo, o meu alento. 
Que me esqueçam por alguns séculos e me deixe aqui, 
Imortalizado em pensamentos, moldurado por emoções 
Passageiras e tendo á frente às horas paralisada como um 
Quadro velho, sujo e mal pintado.

SILVA, Marcello. O Pescador. Chiado Editora, 2015.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O Pescador, Homo Cactus, Versania e Piauí em Letras no II Corredor Literário do Sesc Caixeiral


Com grande presença de público foi realizado na noite de sábado (17/08/2019) no SESC Caixeiral o II Corredor Literário, com venda e exposição de livros, promovido nas parcerias daquela entidade com a Academia Parnaibana de Letras, o O Piagui e escritores independentes.

Estivemos presentes no evento expondo nossas obras (O Pescador, Homo Cactus, Versania e Piauí em Letras II) e dialogando com os escritores da região. Um encontro recheado de literatura e confraternização entre escritores e amantes da arte de modo geral. O evento foi conduzido, brilhantemente, pela analista de literatura da casa, Laiane Fontenele.


Entre os escritores que lançaram e relançaram livros estavam Antonio de Pádua Marques, membro da Academia Parnaibana de Letras, o professor Adilson Castro e Claucio Ciarlini, editor e criador do O Piagui, a escritora e poetisa Ednólia Fontenele e Jorge Barbosa Filho, escritor carioca radicado em Parnaíba e o advogado Dante Ponte de Brito. 


Com Claucio Ciarlini


Com Laiane Fontenele

Com Pádua Marques


domingo, 21 de julho de 2019

Lançando a coletânea "Piauí em Letras II" na Academia Piauiense de Letras

Foto: Temístocles Filho

Aconteceu na noite de sábado (20/07/2019) na Academia Piauiense de Letras, em Teresina/PI, o lançamento do livro "Piaui em Letras II". Essa coletânea é a consolidação de um projeto executado por um comitê gestor composto pelos escritores Adrião Neto, Lena Lustosa, Mozaniel Almeida e José Paraguassú. 

Piaui em Letras é uma coletânea de textos de escritores de várias regiões do Estado do Piauí que já está em sua segunda edição. O evento de lançamento ocorrido neste último sábado, promoveu uma confraternização entre os escritores e amantes da arte literária estreitando laços de amizade em torno da literatura.

Participam da Coletânea dezessete escritores(as): Adrião Neto, Antonio José Sales, Amanda Gomes, Aila Brito, Cristiane Santos, Dina Paraguassu, Dilma Pontes, Edivaldo Lima, Euzeni Dantas, Eva Graça, José Paraguassu, João Passos, Lena Lustosa, Luis Augusto, Marcello Silva, Milton Borges e Mozaniel Almeida. 

Também estiveram presentes representantes de Academias e agremiações literárias do estado, como escritor Dr. José Itamar Abreu, representando a Academia Piauiense de Letras e o escritor Altevir Estevam, representando a Academia Parnaibana de letras, dentre outros(as). O evento foi conduzido pelo repórter e escritor Temístocles Filho.

O "Piauí em Letras II" é uma obra bastante diversificada, pois representa as múltiplas facetas da cultura literária piauiense, seu lançamento foi um feito memorável na Academia Piauiense de Letras.





Foto: Temístocles Filho

Fonte: Chavalzada

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Por que o Escritor Claucio Ciarlini merece a Cadeira 27 da Academia Parnaibana de letras?!

Claucio Ciarlini é dos concorrentes à cadeira de nº 27 da Academia Parnaibana de Letras (APAL). Ciarlini tem uma biografia invejável que o habilita ao posto, entretanto o que mais o credencia á cátedra da APAL é a sua HUMANIDADE. Profissional dotado de uma humildade e simplicidade que transborda em seus gestos e atitudes durante os seus mais de quinze anos de atividades em prol da Literatura, da História, da Cultura e da Educação da cidade de Parnaíba e região.


Mais do que ser editor do O Piagui*, ter lançado quatro livros** e organizado outras obras literárias***, Claucio Ciarlini lançou sonhos e publicou esperança nos sonhos de uma geração de escritores. Ciarlini não representa interesses pessoais egocêntricos, Claucio carrega nos ombros as ideias, os projetos e as perspectivas literárias de uma legião de novos autores. 

Ciarlini, através do O Piagui e Coletâneas Literárias, democratizou a publicação e veiculação da literatura da cidade e região. Abriu portas para autores novos e desconhecidos e hoje alguns desses já galgam caminhos diversos. 

Se a Academia Parnaibana de Letras pretende abrir portas para a novidade, abrir diálogo com a nova geração literária de Parnaíba, Claucio Ciarlini é a chave, o portal multidimensional que ligará gerações literárias, agregando à APAL valores, comunicação, literatura, história, cultura e arte no seu mais amplo significado.

Nas palavras do Escritor Jailson Junior:


"Claucio Ciarlini é um espírito motor que muito tem feito pela cultura de Parnaíba em todos esses anos. É um agitador cultural paradoxal: agita sem agitar, quer dizer, sem o estrondo tão comum hoje em dia. Compartilha suas ânsias literárias, não busca a cômoda sombra distante e inerte das quais se revestem os literatos. O Piaguí é a prova cabal disso. Não se perdeu no nefasto caminho da arrogância, comungando trabalho duro e sabedoria desde sempre. A eleição do Claucio para a cátedra 27 da Academia Parnaibana de Letras é um coroamento desses anos de trabalho e de seu caráter ilibado."



Já para Escritora Morgana Sales:

"Claucio Ciarlini é um grande fomentador da cultura Parnaibana. Além da organização de obras e de obras publicadas, sempre busca dar voz aos "novatos" na literatura através do Jornal O Piaguí Culturalista, bem como da plataforma digital O Piaguí Virtual, onde lança inúmeros escritores e os incentiva a se aprofundar cada vez mais nesse ramo. Muitos que já publicam desde muito tempo e muitos que são iniciantes se sentem a vontade e movidos a não parar por conta de seu incentivo. Muitos dos escritores parnaibanos tiveram como pontapé inicial este jornal. Esses espaços são importantíssimos não apenas para a literatura, mas para a arte em geral, pois através deles, toda forma de arte pode ser compartilhada. Claucio também faz um excelente trabalho como professor da rede estadual, produzindo filmes e documentários amadores e incentivando seus alunos, igualmente, à participação nas artes. Resumidamente, sua importância não se dá apenas pela publicação de suas excelentes obras, mas pela importância que este vem tendo dentro do meio literário como fomentador e incentivador."

Sousa Filho, poeta ressalta:

"Defendo que Claucio Ciarlini deve ser membro da APAL pelos relevantes serviços prestados à cultura parnaibana ao longo dos anos"

O escritor e ativista cultural Carlos Pontes enfatizou:

"Claucio é uma pessoa bastante racional. Não se deslumbra facilmente com estrelismos bobos. Ele está preparado para tornar-se um imortal"

No Facebook:


Algumas manifestações: 




Biografia Completa:

Escritor, professor, editor, jornalista cultural, coordenador, historiador e cineasta amador. 38 anos.

Atua há 15 anos em prol da Literatura, da História, da Cultura e da Educação em Parnaíba.

Natural de Teresina (1981), porém residente em Parnaíba desde a infância. Iniciou na escrita poética em 1996, porém lançou-se como escritor em 1999, através de encadernados distribuídos a amigos e colegas de escola.

**Autor de quatro obras: Linhas Impensadas (2004), Pedido de autorização para pensar (2005), Inevitável (2009) e Parnaíba, por quem também faz por Parnaíba (lançamento para agosto de 2019).

*Cofundador e Editor do impresso cultural O Piaguí. Jornal cultural, literário, histórico, mensal, democrático e gratuito, que circula de forma ininterrupta em Parnaíba, Luís Correia e outras cidades desde novembro de 2007 e que atualmente está na sua 140° edição.

Cofundador e editor do site cultural O Piaguí Virtual - 2017.

***Idealizador e organizador da coletânea poética Versania – 1°Ed. (2017) / 2° Ed. (2018); Organizador da Coletânea "Contos entre Gerações"( previsão 2019)

Especialista em História do Brasil – FAP – Faculdade Piauiense – Parnaíba – PI (2009)

Graduado em História – Universidade Estadual Vale do Acaraú – Sobral - CE (2004)

Idealizador e supervisor do Projeto Cinema e História, desenvolvido desde 2011 na escola estadual Cândido Oliveira e instrumento de integração e motivação.

Coordenador do núcleo de pós-graduação em História do Brasil da FAESPA.

Coordenador do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio (Estado) – 2014/2015.

Professor efetivo do Estado do Piauí, desde 20 de janeiro de 2010.

Professor contratado do Estado do Piauí, nos anos de 2008 e 2009.

Supervisor Escolar da Prefeitura Municipal de Parnaíba de 2005 a 2012.

Capas do Jornal O Piagui

Capa do livro "Parnaíba por quem também faz por Parnaíba"

Capas das Obras publicadas/organizada por Claucio Ciarlini

Capa da coletânea "Contos entre Gerações"






quarta-feira, 10 de abril de 2019

Cavaleiro Medieval



Eu, cavaleiro medieval. 

Vindo de terras distantes 

Além das matas que se findam ao alcance dos olhos meus 

Perdi-me nos templos antigos 

Em meios a esculturas esbeltas 

Dos deuses, ninfas e anjos solitários. 

Procuro-me todo dia 

Reviro-me ao avesso 

Não me encontro 

Estou repousado na sombra da historia 

Ainda não estudada... 

Nos braços de Vênus me apazíguo e vivo... 


SILVA, Marcello. O Pescador. pag 16, Chiado Editora, 2015
Imagem: Google


terça-feira, 9 de abril de 2019

Conheça a Plataforma "Escrever sem Fronteiras" do Sesc/PI e publique seus textos.


A Plataforma Escrever sem Fronteiras é uma proposta do SESC Piauí de promover a produção literária do estado por meio do fomento e valorização de escritores, sejam eles cronistas, poetas, romancistas, ou até mesmo os que escrevem textos de cunho científico, como artigos, editorias, resenhas; desde que tenham como tema a Literatura.

Como participar?

Os interessados poderão enviar seus textos para o email:
escreversemfronteiras@pi.sesc.com.br

Os materiais enviados passarão por uma seleção realizada por especialistas contratados pelo próprio SESC. Serão emitidas declarações para os escritores, que poderão ainda estar sendo convidados pelo SESC para realizarem bate-papos, rodas de leitura e debate ou até mesmo palestras a partir de suas publicações.

Quais textos podem ser enviados?

Quaisquer um, desde que tenham como tema a literatura ou façam parte da grande gama dos gêneros literários existentes, como: conto; poema; crônica; romance; fábula; Epopeia; Novela; Ensaio; Soneto; Auto; Farsa; entre outros.

Normas Gerais

Caso o escritor tenha seu texto selecionado, deverá ir ao Centro Cultural Sesc Caixeiral (Parnaíba – PI) a fim de que possa assinar a Ficha de Autorização para Publicação;
Caso o escritor more em outro estado, a ficha poderá ser preenchida a próprio punho e enviada por meio de scanner ao mesmo e-mail para o qual o texto foi encaminhando;
No caso dos Artigos Científicos, o número de páginas são 10(dez);

Todo texto encaminhado, seja ele de qual gênero literário for, deve seguir o modelo em anexo no site.




Não deixe de se inscrever!
Dúvidas? (86) 3315 – 8561



domingo, 10 de março de 2019

Uma criança de 80 anos

Foto: Hermeson Oliveira
Ele estranhou aquelas pessoas diferentes chegando na pracinha do bairro pacato. Pessoas comunicativas e jovens com equipamentos tão estranhos. Ele observou de longe a priori. De acordo com o avançar da hora em que os jovens ligavam seus equipamentos, ele se aproximava da praça com seus passos curtos. Sempre cauteloso e observador, sentou no último banco de concreto.

Aquela pracinha tão esquecida, pequenina quase sem vida com seus sólidos cinzentos, agora uma grande imagem era projeta e a meninada chegava aos montes, esbaforida com suas curiosidades nos olhos inquietos.

− O que é isso tia, o que é... É um filme é? − Perguntou um dos meninos.

− Sim, sim é um filme muito massa, espere um pouco e já vai começar − respondeu uma das organizadoras com voz angelical.

Ele, no entanto, permanecia observando aquelas cenas, em silêncio, estranhando deveras, aquele movimento, aquela grande imagem projetada... aquele som sendo testado. Permaneceu ali. 

Agora a praça já vibrava aos sons das crianças. Meninos e meninas de todo o bairro parecia estar ali querendo saber o que se passava. Tudo pronto e o filme iria começar. As crianças se acalmaram sentando em tapetes, mantas e colchas no chão. Ele aproximou mais um pouco. Em seguida mais um pouco e ficou entre as crianças. Observou a projeção e seus olhos fixaram na imagem numa mistura de curiosidade e encanto. 

Ele devia ter entre 70 e 80 anos de idade. Tinha os passos curtos, porém rápidos. Ele vestia uma bermuda preta e uma camisa azul aberta e sobre sua cabeça um boné que lhe cobria os olhos pequenos. Ficou ali imóvel observando as cenas do filme animado. No seu tempo de criança, numa cidade interiorana e sem energia elétrica, certamente não tinha uma TV sequer e agora ele tinha aquela tela enorme e aqueles bichos falantes no seu colo. Naquele instante ele era apenas mais uma criança dentre as demais.

A exibição do filme “Zootopia – Essa cidade é o bicho” já estava quase na metade quando de repente ele se levanta, ajeita o boné e sai rápido da praça. Adentrou aquela rua com a penumbra das luzes fracas. Cinco minutos depois ele retorna segurando a mão de uma criança, sua neta, provavelmente. Sentou no mesmo lugar e apontou para projeção dizendo algo ao ouvido da neta. Ela riu. Eles riram. Eram duas crianças embriagada na animação. Dividiram a pipoca e o suco no seu cinema particular e a céu aberto. Ele era uma criança, sem estilingue; Era o rei de Zootopia.... Como dizia o subtítulo do filme: “aqui você pode ser o que quiser”.



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Filhos da maré

@malusantos
Ainda é noite e Chaval dorme em seu silêncio secular de pedra. Daqui a pouco a maré sobe e é preciso pegar carona com ela para buscar o sustento entre os mangues ao alto mar. Maria do Rosário foi a primeira que acordou e preparou o quebra-jejum. O Galo assustou-se, limpou o bico no orvalho da cerca e cantou, dando início a uma orquestra de cantos galináceo no Bairro do Porto da Missa. A maré vinha logo ali, cheirando a brisa da madrugada.

Antônio Ubiratã pulou da rede e correu para quintal, acendeu sua lamparina e procurou seu carro-de-mão onde agasalhou seus apetrechos: tarrafas, linhas, remos, motor, bornais, etc. A canoa já o aguardava, valsando nas águas calma do Porto.

50 anos de pescador e Ubiratã ainda teme a maré. Respeita cada palma de água. Aprendeu no bailar das ondas, o próprio significado de sua existência. Que o homem é apenas um fio na grande teia da natureza. Um dia tem peixe, outro não. Um dia a maré está calma, no outro você come sal pelo nariz. Aprendeu a respeitar os ciclos das marés e entender as fases da lua e, a partir disto, entender que a vida imita esses vai-e-vem de coisas e pessoas.

Desta vez, a maré demorou mais do que o previsto. Lambeu os beiços das calçadas baixas da rua. O sol já vem surgindo e Ubiratã enche sua canoa com seus equipamentos, comidas e sonhos. Serão quase dois dias nas marés, arranchado nos mangues, pescando peixe entre pernilongos sedentos por suor. Na Canoa, além dos equipamentos, ele leva esperança e deixa na margem um pouco de saudade. Rosário acena para o marido que vai sumindo entre os manguezais. “Que Iemanjá te proteja” diz ela em silêncio, ajeitando a saia e voltando aos seus afazeres doméstico. 

SILVA, Marcello. 2019

Aos Heróis de Minas

Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais /reprodução
Enquanto as montanhas sagram lamas pelos poros, vomitando desesperança pelo vale, outrora verde, homens vestindo coragem desafiam o próprio limite do corpo e da mente na tentativa de amenizar tamanha dor e desilusão neste pedaço de Minas.

Desde do cão Thor, policiais, civis voluntários e bombeiros, principalmente. Esses últimos que não têm rosto e nem nome. Vestem marrons e rastejam sobre a lama a procura de um sopro de vida, quando não, por um corpo apenas que amenize a dor de uma família. Heróis cansáveis com suas máscaras contra o mau cheiro. Eles choram de exaustão e dor diante da imensidão de lama; diante do corpo humano desfigurado pela cobiça; diante do seu salário parcelado em três vezes e seu 13º ainda sem previsão. 

Esses heróis machucados e que sangram, mas esquecem sua própria dor em prol da dor de outrem, diante do cenário desolador. Heróis sem HQ e sem aplausos que tem sede de água e de justiça. Heróis que se reconhecem na face enlameadas do seu próximo entre os galhos. Heróis que vibram com o aceno de um resgatado, seja ele um homem ou um cão. Heróis que amam a vida em sua mais ampla definição. Nem mil medalhas serão suficientes para recompensar teus esforços nesses últimos dias e dos dias que ainda virão.

Bombeiros de Minas, Maranhão, São Paulo, Rio... Em Brumadinho se tornam uma única corporação: Heróis de Minas e eles vestem a esperança de um país que ainda mantém a fé em acreditar em dias melhores.

SILVA, Marcello. 2019

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Livro Homo Cactus é tema de artigo científico apresentado no Congresso Nordestino de Educação


O pesquisador, professor e escritor Antonio José Sales, de Luis Correia/PI, apresentou, no último dia 25 de janeiro, seu trabalho científico no Congresso Nordestino de Educação (CONED) que foi realizado em Parnaíba/PI. O trabalho de Antônio José Sales, tem por base o livro Homo Cactus (Editora Hope, 2018) do escritor chavalense, Marcello Silva. A apresentação ocorreu ás 11h na sala Raquel de Queiroz (prédio da Universidade Federal do Piauí)



Com o tema "Homo Cactus: Uma mostra da resiliência da cultura popular e da literatura oral nordestina", Antonio José Sales faz uma análise da obra, um livro com característica regionalista nordestina e com marcas da tradição oral. A apresentação do pesquisador foi consistente e objetiva, o que levou José Sales a ser bastante elogiado pela banca examinadora. 

O poeta, editor e professor Claucio Ciarlini marcou presença na apresentação, assim como o autor do livro, escritor Marcello Silva.









domingo, 6 de janeiro de 2019

Meu herói não veste capa

(a Otalício)

Meu herói não nasceu nas EUA. Não tem história registrada em quadrinhos e nem virou filme algum.
Meu herói não veste capa, mas, usa uma camisa surrada e suada pelo sol nordestino. Tem cheiro de suor típico dos deuses africanos.
Meu herói não tem visão de calor ou raio-x, pelo contrário, tem hipermetropia de mais de um grau.
Meu herói, feito de carne e osso, tem dor no peito de tanto capinar na roça e seus braços, ao anoitecer, latejam.
Meu Herói não usa máscara, tem suas rugas á mostra, sinal de sua humanidade.
Meu herói ronca, chora... Sente frio. Fica feliz com as chuvas de janeiro e triste com a estiagem de agosto. 
Meu herói... Ah meu herói, não sabes o quanto de metáforas te dedicaria...

SILVA, Marcello.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Oito invernos - Marcello Silva


Teu silêncio é o canto mais sublime que minha alma ouve, minha graúna, que alça voos infindos sobre as tardes tropicais. Tens no semblante observador todas as incógnitas do futuro e ainda assim, traz-me paz no instante presente em que rir, timidamente, entre dentes de leite e outros não (vão) .... Rir, rir no hoje, faz do agora seu voo rasante. 

Oito invernos já. Oitos chuvas. Oito sóis. Oito primaveras. E não era ontem que estava nos meus braços tão pequeninha? Tão frágil... Tão sem plumagem? E agora rabisca no tempo a própria imponência e seu próprio voo. “Veja pai, minhas asas. Já quero voar” 

Não. Não. Você é ainda minha pequenina graúna, querendo colo e com medo dos trovões. Meu peito sempre será seu ninho, quando você precisar vai está a sua espera, não importa a quantidade de invernos ou intensidade deles, estarei lhe aguardando para lhe agasalhar com minha própria pele, se preciso for. 

Lembro quando te peguei nos braços a primeira vez: tive medo de você se desmanchar nas minhas mãos. E como se eu segurasse a própria essência de Deus. Morri e renasci naquele infindo instante de alguns minutos, talvez. Esqueci razão, proporção, tempo, distância... qualquer conceito. Era só eu e você no universo multidimensional. Quando retornei a mim, eu ri... eu sorri deliberadamente e desde então eu sorrio para te ver sorrir. 

Das primeiras palavras pronunciadas; os primeiros passos; a primeira queda de bicicleta ao primeiro texto produzido ontem ou as resoluções matemáticas: é uma honra está ao seu lado e te auxiliar em seu processo de evolução neste plano, em seu voo pleno por estas planícies.... É uma dádiva, ave minha. 

Concluo parafraseando Jose de Alencar[1]: “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Cecília. Cecília, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da Jati não era doce como seu sorriso...”

SILVA, Marcello. 
P.S.: Texto dedicado a Maria Cecília Nunes Silva


[1] Escritor cearense (1829-1877). Autor do livro Iracema (publicado em 1865)