Saudade e nostalgia de um tempo pretérito tatuado nas lembranças do poeta Atevaldo Rodrigues e ao mesmo tempo, visões futurísticas mapeadas com o sabor e o cheiro que só a poesia é capaz de ofertar a um homem. O Eu lírico de “Onde Termina o Infinito” é um menino sem camisa, calça surrada, de estilingue na mão, sentado em uma pedra à beira de um açude, observando o passar da vida interiorana, simultaneamente, é um homem de face fria chorando metáforas à noite sem estrelas. “A dor que nasce é tão funda / A alma quase se esvai” diz ele.
Os
poemas são em versos livres e ritmos poéticos variados. Ora são curtos como
coices e outras vezes, são ritmados com um solo de saxofone. As metáforas são
ricas e apaziguadoras à alma-leitora que sonha e vibra a cada verso.
A
simplicidade das metáforas e intimidade do poeta com as coisas simples da vida,
o amor a família e amigos... são, sem dúvidas, a maior riqueza desta obra que
provoca o leitor a reflexão sobre a essência da vida, o quão mágico e divino é
o instante: saudade para quem viveu e curiosidade para aquele que ainda pode
viver cada pedaço de vida imortalizado na poética do autor. Através destas
metáforas, percebemos a dimensão de cada fração de segundo ao lado dos pais,
irmãos, amores, casa, chão, cheiro de vó... Café.
Atevaldo
fotografa infinito toda vez que escreve. Este lugar metalinguístico é onde
reside todas as versões do poeta, do menino e homem. Lá na morada do fim, o
poeta tem carta branca e um banco de madeira tal qual no café do Cazuza em
Chaval, e ele é rei de suas metáforas, lembranças, saudades e com elas, o poeta
brinca de criador de mundos paralelos.
“Onde
Termina o Infinito” mora toda alma do poeta Atevaldo. Os poemas são convites a
viajar a multidimensões oníricas, mas reais e talvez até cruas. Algumas
metáforas são lâminas afiadas e quando menos esperamos, estamos sangrando como
o poeta ao escrevê-las. Os poemas desta obra descrevem a cidade natal com suas
pessoas, cheiros, gostos e trejeitos bucólicos típicos; fala das coisas
desimportantes a olho nu e de valor imensurável; descreve o abstrato
existencial que atormenta todo ser pensante neste plano: o que é o amor? Existe
a morte? E Deus?.
Caro leitor, se tu leres esta obra e não chorar em alguma parte dela, desconfiarei da tua humanidade. “Onde termina o infinito” é uma dose poética necessária para nos manter vivo e compreender a importância dos sonhos, das utopias e das saudades.
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