terça-feira, 20 de outubro de 2020

“Vinte Contos para Simplício Dias” o novo livro de Pádua Marques.

 


Escrever é experimentar a sensação do criador no sétimo dia, ao observar suas criaturas forjadas na argila e metáforas. E é nesta construção metafórica que o escritor Antônio de Pádua Marques Silva nos brinda com mais um trabalho louvável: “Vinte Contos para Simplício Dias”.

Pádua Marques é um prosador do cotidiano. Como diria o escritor Vinícius de Moraes[1] “Senta-se diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo.” 

“Vinte Contos para Simplício Dias” reúne a coleção de 23 contos, nos quais o autor ousou utilizar a História e fatos verossímeis como planos de fundo para enriquecer sua prosa. Os contos em questão é uma mistura do real e do imaginário fértil do autor. Até que ponto é ficção ou verdade? Com esta indagação, o escritor nos fisga e nos prende na leitura da obra. Em cada linha é perceptível a escrita peculiar de Pádua Marques que não abre mão de palavras e variações linguísticas da sua região. 

Na obra em questão, Pádua Marques utiliza alguns nomes reais da família “Dias da Silva, personagens históricos e importantes no desenvolvimento social de Parnaíba e região nos séculos XVIII e XIX. A citar, o nome que dá título à obra: Simplício Dias da Silva, um dos mais importantes vultos da história do município, bem como, e sua esposa Isabel Tomásia. Por outra, o autor constrói personagens fictícios como o escravo Elias, servo ‘fiel’ a família Dias da Silva. Nesse contexto se desenvolve o enredo dos contos, descrevendo a vida cotidiana de Parnaíba no século XIX com sua Rua Grande, Praça da Graça, Porto das Barcas, Porto Salgado e, principalmente, descreve sua gente e seus instantes corriqueiros. 

Em “Vinte Contos para Simplício Dias” acontece de tudo um pouco, desde confusões provocadas pela invasão indígena à vila no conto “O bacamarte e a lança” passando pela espera da visita de imperador francês em “Simplício Dias à espera de Napoleão Bonaparte na praia da Pedra do Sal” e assim descreve o autor no conto: “Foi emocionante e ao mesmo tempo triste a expedição dos voluntários da Parnaíba que iriam enfrentar Napoleão Bonaparte e os seus soldados naquela que se chamaria a Batalha da Pedra do Sal”. Isto sem mencionar, o aparecimento de uma múmia egípcia, no conto “A múmia que dormiu na casa de Simplício Dias na Parnaíba”. 

Índios, escravos, cientistas, revoltosos, coronéis, comerciantes estrangeiros, dentre outros, resolvem aparecer pelo Cais do Porto, Praça das Graças ou Casa Grande e todos festejam a História, a Parnaíba e a memória dos tempos pretéritos, sob o comando da batuta do maestro da prosa, escritor Antônio de Pádua Marques Silva, “O Padinha”. 

Assim, caro leitor, não te conto mais! Convido-te a adentrar o “universo simpliciano” e se deleitar nas aventuras e imaginação de “Vinte Contos para Simplício Dias”

Marcello Silva - Escritor

www.marcellossilva.com.br



[1] MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991


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