quarta-feira, 24 de junho de 2015

A última quimera

Engana-se quem pensa que o respirar seja o último ato de vida. Há tantas formas, horripilantes de morrer, mas, certamente a mais desgraçada seja aquela em que, ainda, é fogosa a respiração e os ‘sentidos’ biológicos permaneçam em pleno funcionamento.


Morre, miseravelmente, aquela insana criatura que já não mais sonha, que não tem algo pelo qual esperançar. Morre lentamente o homem que não rir da insignificância; das metáforas; das rosas; das pedras... Do silencio até. Morre aquele cujo infinito agora é um amigo estranho de face fugidia. Morre em desventura, o ser infame que não sonha com a possível glória do amanhã. 

Morre, diariamente, milhares desses indivíduos e que, como zumbis, perambulam sobre a existência. Se não sonhas, se não acreditas, se não tem esperança, então não vives! Lamento dizer... Corpos ambulantes cujas almas exalam mau cheiro pela face da terra.

A esperança é a última quimera e ela sobrevive ao homem. O corpo se vai, mas, ela sobreviverá nos sonhos de outrem.




O Pescador - Chaval, junho de 2015

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